LITERATURA INFANTOJUVENIL


De acordo com o trecho abaixo e com as discussões realizadas no Capítulo 8, assinale a alternativa incorreta:

 

A obra de ficção avulta como modelo por excelência da leitura. Sendo uma imagem simbólica que se deseja conhecer, ela nunca se dá de maneira fechada e completa. Pelo contrário, sua estrutura, marcada pelos vazios e pelo inacabamento das situações e figuras propostas, reclama a intervenção de um leitor, o qual preenche estas lacunas, dando vida ao mundo formulado pelo escritor. À tarefa de decifração, implanta-se outra: a de preenchimento, executada particularmente por cada leitor, imiscuindo suas vivências e imaginação. (ZILBERMAN 1999, 41)

 

 


Regina Zilberman insiste na mudança de concepção de uma prática da decodificação e decifração em direção a uma prática do preenchimento.


Como preenchimento de sentidos, tem-se a ideia de complementação, isto é, o leitor completa os sentidos propostos pelo escritor, em uma dinâmica infinita, portanto sempre renovada.


Lendo textos de ficção, o leitor aprende que o sentido total nunca está dado, fechado, definido. É sempre um sentido a projetar, a supor, a partir de seus vazios e lacunas, para depois se confirmar, extrapolar, pela construção de um mundo coerente com o proposto pelo escritor.


A leitura se exerce e se aprende lendo, estando em contato e com o desejo desperto para ela. Longe da concepção comum de que determinada pessoa “gosta de ler” como se tal atributo fosse um dom, um talento, uma vocação, enfim, algo inato, a leitura é a prática e o exercício do texto.


A leitura literária pressupõe que o aluno saiba exatamente o sentido do texto, o clássico.

Na fase de expansão da literatura infantojuvenil, surgem coleções como Vaga-lume e Para gostar de ler. A respeito delas, não se pode afirmar:

 

 


Por terem vínculo estrito com o mercado editorial, não se identificam produções de qualidade nessas coleções.


Ambas foram propostas pela Editora Ática, fato que aponta o interesse editorial na oferta e consolidação do livro infantojuvenil como bem de consumo cultural no cenário brasileiro.


A diferença entre as coleções se localiza no fato de que a Vaga-lume se especializou na publicação de narrativas mais longas e de autores brasileiros. A coleção Para gostar de ler se concentrou na seleção de textos mais curtos, geralmente contos e crônicas, e de origem da literatura universal.


Contos, crônicas e narrativas de Edgar Allan Poe, Franz Kafka, Moacyr Scliar, Carlos Drummond de Andrade são algumas das constantes na coleção Para gostar de ler.


A concentração de Para gostar de ler somente na oferta dos textos em questão, sem confirmação por meio de fichas de leitura e de atividades, pode ser um dos elementos que justifique o sucesso da coleção junto aos jovens.

A Literatura infantojuvenil contribui para o desenvolvimento ético, estético, intelectual do ser humano, possibilitando um melhor entendimento da sua realidade social. Leia as assertivas a seguir e coloque (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas.

 

(   ) Obrigatoriamente a entrada do aluno no universo literário deve ser por meio do contato com o acervo escrito.

(   ) A possibilidade do trabalho oral com a literatura é válida e recomendável, seja por meio de contação de histórias, recitação de poemas, entre outras.

(   ) A leitura literária em voz alta em sala de aula pelo professor pode contribuir como uma etapa preliminar e motivadora à leitura.

(   ) A escola é institucionalmente o único lugar responsável pela inserção e permanência do incentivo à leitura.

 

A sequência correta é:

 

 


V – V – V – F.


 F – V – V – F.


 F – V – V – V. 


F – V – F – F.


F – F – V – V.

A respeito da relação entre literatura e escola, assinale a alternativa correta:

 

I- Obrigatoriamente a entrada do aluno no universo literário deve ser por meio do contato com seu acervo escrito.

II- A possibilidade do trabalho oral com a literatura é válida e recomendável, seja por meio de contação de histórias, recitação de poemas e quaisquer atividades que coloquem o infante em contato com a riqueza das construções verbais universais.

III- A leitura literária em voz alta em sala de aula pelo professor pode servir como uma etapa preliminar e que leva à leitura. A oralidade serviria, de certa forma, para consolidar a base da leitura, trazendo uma experiência fundadora da humanidade para a sala de aula, segundo estudiosos.

 

 


I e II estão corretas.


II e III estão corretas.


I e III estão corretas.


I está correta.


II está incorreta.

Sobre o desenvolvimento da literatura infantojuvenil no Brasil, pode-se afirmar que houve:

 

I- uma fase de transição marcada por reflexões acerca da língua portuguesa e das questões fundamentalmente brasileiras nos textos de Monteiro Lobato.

II- uma fase de transição em que as temáticas apresentaram inovações, sendo que se verteu atenção para a literatura infantojuvenil brasileira como modo de se problematizar as questões de literariedade. 

III- uma fase de transição que teve como elemento considerável a atenção ao livro como mercadoria, sendo percebida a sua nascente importância nesse contexto de fim de século.

 

 


Apenas II e III estão corretas.


Apenas III está correta.


Apenas II está correta.


Apenas I e II estão corretas.


Apenas I está correta.

Leia um trecho do prefácio de Teatrinho Infantil, de Figueiredo Pimentel, e analise as afirmativas a seguir.

 

“É pura e simplesmente um livro para crianças. Escrevi-o obedecendo a um único fito divertir, deleitar a infância. Sendo, porém, uma obra infantil, moral, como convém, não deixa de ser didática, por que trata-se de uma coleção de pequenas peças teatrais, destinadas a serem representadas pelos meninos de ambos os sexos, de tôdas as idades, a mais tenra, até quase a juventude (PIMENTEL, 1955 [1897], p. 5)

 

I- O intuito de deleitar e instruir é um dos elementos que guiaram a teoria literária e, em específico, a literatura infantojuvenil desde as suas fontes.

II- O caráter didático deve ser uma das diretrizes que define a literatura em geral.

III- Não se percebe na passagem acima a destinação da obra Teatrinho infantil para o público infantojuvenil, sendo ela uma produção que visa apenas a um público adulto, já bastante intelectualizado.

 

Assinale a alternativa correta: 

 

 


II e III estão corretas.


Apenas I está correta.


Apenas II é incorreta.


Apenas III é incorreta.


Todas estão corretas.  

Sobre os novos caminhos poéticos que surgiram com o movimento de consolidação da literatura infantojuvenil no fim dos anos 60 e início dos anos 70, analise estas afirmativas:

 

I- A linguagem não convencional e os mínimos aspectos observados no cotidiano são algumas marcas da revolução modernista presentes nas obras produzidas nesse período.

II- A inocência, a pureza, a ingenuidade e a vontade de conhecer e atribuir sentido às coisas perpassam muitas das obras desse momento.

III- São introduzidos elementos surrealistas, que apostam na deformação e superposição de imagens díspares e inovadoras.

IV- A produção de Clarice Lispector marcou a literatura infantojuvenil porque ela foi a única escritora que apostou fundamentalmente na exploração da linguagem.

 

É correto o que se afirma em

 

 


I e II.


II e III.


I, II e III.


todos os itens.


III e IV.

Leia a passagem abaixo e, analisando suas características, indique em qual momento histórico da literatura infantojuvenil brasileira ela se inscreve.

 

 

 Ressoaram clarins, e, em fila cerrada, os invasores avançavam: nova descarga, porém, fez que retrocedessem, deixando no campo novos mortos. E não viam o inimigo; davam tiros ao acaso, aterrados, como se se batessem com o sobrenatural, até que uma nova descarga os colheu, sendo atingido o oficial, que rolou por terra moribundo. Desanimados, os invasores recuavam, sempre atirando ao acaso, sempre perseguidos pelas balas dos que defendiam a terra da pátria, até que alcançaram os barcos e precipitadamente passaram à outra margem. De longe, então, atravessando as águas, viram aparecer os heróis que se haviam batido entrincheirados nas próprias cabanas, tendo ao lado as mulheres, os filhos, os velhos pais que os animavam. E a selva grande e veneranda parecia aplaudir os seus filhos valentes com a sua grande voz murmurosa e constante. E até alta noite, enquanto abriam covas para enterrar os inimigos mortos, bradavam delirantemente, vitoriosamente: — Viva o Brasil! — contentes por haverem defendido a fronteira, da qual eram os guardas fieis, contras as mãos rapazes do estrangeiro.

 

(Coelho Netto, In: BILAC, Olavo & NETTO, Coelho. Contos Pátrios. Francisco Alves, RJ, 1931, 27ª ed. (ilustrado por Vasco Lima)[1].

 

 

 

I- A passagem pertence a uma narrativa que valoriza os elementos brasileiros, inclusive valendo-se do motivo metafórico da batalha para defesa do que é fundamentalmente nacional, noção que pode ser estendida para a defesa de uma literatura infantojuvenil nacional.

II- A fronteira a que se faz referência no conto representa apenas o cenário onde se localiza a ação.

III- A passagem se insere na fase de transição da literatura infantojuvenil, uma vez que há a valorização do que é nacional, inclusive se contrapondo ao que é estrangeiro. 

IV- O fragmento se inserir na fase inicial da literatura infantojuvenil brasileira, uma vez que são evidentes elementos imitativos da produção europeia.

 

É correto o que se afirma em:

 

 


I e II apenas.


I e IV apenas.


Todas estão corretas.


I, III e IV apenas.


I e III apenas.

Carlos Jansen foi um dos célebres tradutores de obras estrangeiras para o português. Acerca de sua tradução de As mil e uma noites, obra intitulada Contos seletos das Mil e uma noites (1882), publicou-se na Gazeta de Notícias o seguinte:

 

“Destinado este livro para distração amena nos seios das famílias, foi eliminado com cuidado tudo quanto pudesse ofender o decoro, sem que entretanto ficasse prejudicado o texto no tesouro de imaginação que tanto o recomenda. [...].

Disponível em: . Acesso em: 31 maio 2018.

 

Considerando o que foi dito nesse trecho e o contexto em que tal obra foi publicada, é incorreto afirmar:

 

 


Carlos Jansen, com seu trabalho de tradução e adaptação de obras estrangeiras, se insere na fase inicial da literatura infantojuvenil brasileira.


Outros trabalhos de Jansen compreendem a tradução e adaptação de Robinson Crusoé (1885), As viagens de Gulliver (1888), As aventuras do celebérrimo Barão de Münchhausen (1891) e D. Quixote de de la Mancha (1901).


Diante do cenário de incipiente produção literária em solos brasileiros, foi precisamente o trabalho de tradutores que marcou tal momento histórico.


A preocupação com elementos moralizantes e pedagógicos que orientavam a produção literária infantojuvenil nesse momento é destacada.


O trabalho de tradutores nesse momento é quase inicial, sendo que, em um contexto geral, poucos títulos foram traduzidos e adaptados.

Leia a sinopse da Edição Madras de As aventuras de Telêmaco, transcrita abaixo:

 

Mentor era uma personagem de pouco significado na Odisseia e só assumiu mais importância quando Fénelon escreveu As aventuras de Telêmaco, em 1699, uma releitura do épico de Homero. Na obra, Fénelon tira Mentor da obscuridade e o eleva à condição de segundo pai, professor, orientador e guia de Telêmaco. Com o sucesso da obra como material educacional, em 1750, a palavra "mentor" passou a figurar nos dicionários de francês e de inglês como sinônimo de "conselheiro sábio", além de "protetor" e "financiador". (...) Mentor, personagem da Odisseia de Homero, era um sábio e fiel amigo de Ulisses, rei de Ítaca. Quando Ulisses partiu para a guerra de Tróia, confiou seu filho Telêmaco a ele. No entanto, muitos anos após o término da guerra, Ulisses ainda não havia conseguido voltar ao seu lar. Telêmaco assistia, então, angustiado e vulnerável à dilapidação do patrimônio paterno pelos pretendentes de sua mãe, Penélope, que deles se esquivava, inteligentemente, tecendo durante o dia um manto prometido ao sogro, e desmanchando-o à noite. Essa terrível situação não podia mais continuar, e Telêmaco decide sair em busca de notícias do pai. Mas ele não parte sozinho: afinal, ainda era muito jovem.

 

Assinale a alternativa incorreta a respeito do romance de François Fénelon e do seu contexto de recepção no Brasil no final do século XVIII e início do XIX:

 

 


A escolha de Fénelon por Telêmaco, filho do ilustre e astuto Odisseu, célebre herói épico, parece assinalar a inserção de Telêmaco nessa estirpe da nobreza, cujos valores devem ser apreendidos pelos leitores.


A obra de Fénelon parte de uma ruptura violenta com a tradição clássica.


A presença do jovem Telêmaco como personagem central do romance e especialmente o seu proceder em busca de seu pai, desafiando-se ao desconhecido para encontrá-lo, pode indicar a identificação que muitos jovens leitores experimentaram em relação à narrativa.


 

A tradução da obra de Fénelon para o português, juntamente com a quase inexistência de tipografias e de um mercado editorial no Brasil no fim do século XVIII e início do XIX, também concorreram para a sua enorme adesão de leitores.


A inscrição da narrativa do francês Fénelon na linha da Antiguidade Clássica, por meio da retomada da mitologia grega, da épica e do motivo de viagens, parece localizar sua produção na eleição de valores virtuosos do personagem central, Telêmaco.

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